João Faria

Crescemos a ouvir dizer que a carne de porco não se deve comer mal passada - fará crua! Talvez por isso me lembre claramente da primeira vez que provei uma pluma de porco medium-rare e o espanto - e prazer - que tal me provocou.
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É este um Mito que atravessa países, gerações e culturas gastronómicas, e que muito persiste numa certa memória colectiva. Desmistifica-lo é o objectivo deste tártaro de porco - o prato da Casa do Porco (@acasadoporcobar), do chef @jeffim_rueda, que há muito ansiava por provar.
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Aqui, numa versão ‘mar e terra’ diferente da habitual, chegou à mesa todo pomposo, dando-se a conhecer numa elegante dança com atum e coroado com a ‘finesse’ do caviar.
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A alta cozinha faz-se (também) de contrastes - de cores, texturas, temperaturas, de sabores. Mas o que mais me apaixona por estes dias é ver no prato o ‘luxo e o mundano’ abraçados - e este tártaro de porco com atum e caviar é bem representativo disso. Tudo isto naquele que tinha sido, um dia antes, considerado (pelo @theworlds50best) o melhor restaurante do Brasil. #sãopaulo Less

(agora com as fotos todas...)

São Paulo é um melting pot gastronómico, cidade onde coabitam diferentes culturas gastronómicas - italiana, libanesa, arménia e, claro, japonesa. Sendo o Brasil o país com a maior comunidade japonesa fora do Japão, não é de estranhar que essa mm comunidade pratique por cá uma cozinha japonesa variada, rigorosa e do mais tradicional possível - o que não evitou que no Brasil a deturpassem com frutas e outras coisas mais - com restaurantes galardoados com estrelas Michelin.
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Se no Peru (2.ª maior comunidade japonesa) o caminho levou a que as duas tão diferentes culturas originassem um estilo próprio de cozinha (nikkei), no Brasil tal não aconteceu da mesma forma (e os motivos dariam uma tese de doutoramento)
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A escolha para jantar recaiu numa das vertentes que mais aprecio, e que não existe em Portugal - yakitori (espetos grelhados). No restaurante Yorimichi (@yorimichi_izakaya) de Ken Mizumoto, apostam-se em miudezas, pelo que melhor escolha seria impossível. E sabes que estás no sítio certo quando ao teu lado só ouves falar japonês.
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Nas fotos: coração, pancetta, lingua, moelas, fígado, pele, asa e sobrecoxa e a minha ‘sobremesa’ favorita - tamago. Less

Acasos da vida! Calhou de estar por São Paulo no dia em que acontecia o @the_gelinaz (evento que ocorre ao mesmo tempo e dezenas de países, e que tive oportunidade de conhecer em Portugal, no passado). Oportunidade única e de última hora (obrigado @tononrafa! 🤟🏻) que me possibilitou conhecer (ou rever) algumas propostas dos mais talentosos chefs brasileiros da actualidade! Um menu idealizado por Mauro Colagreco (desde França) e interpretado por @albertolandgraf, @luizfilipe @izabelatavares, @elisa.fernandes e @cesarpdac , chef que acolheu o evento no seu restaurante Corrutela. E que show de bola foi, como já se espera deste evento anual, da comida aos vinhos. 🤟🏻👏🏻 #theguelinaz Less

Uma das iguarias mais conhecidas da Amazónia brasileira é Tacacá, um prato de origem indígena feito com tucupi (sumo extraído da mandioca brava, uma raiz venenosa que, por isso, requer um processo de cozedura e fermentação por vários dias), goma de mandioca (swipe➡️) da qual também se faz, depois de seca, a tapioca... e ainda jambu, uma erva de sabor picante e muito anestésica que é só por isso uma experiência à parte muito interessante - no Porto podem experimentar esta sensação do jambu no @cruelrestaurante, ou no @capimdourado.pt, aqui em forma de caipirinha.
Tacacá leva ainda camarão seco salgado e é com este pauzinho apenas que levamos os sólidos à boca.
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Tucupi é ainda muito comum a vários outros pratos, dentro do mesmo perfil de sabores (nas fotos podem ver com Aruanã, um peixe de rio panado, e ainda num risotto de pato com tucupi, uma das opções em carta daquele que é considerado o melhor restaurante de Manaus, o Banzeiro, do chef Felipe Schaedler)
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A experiência é difícil de explicar... sabor forte, quente, áspero, amargo, salgado (na maioria dos casos pois há ‘truques’ para suavizar). De textura, sente-se a untuosidade da goma. A quem gostar de conhecer diferentes culturas pelos seus sabores, é, pois claro, um prato obrigatório e exemplificativo do que é a a Amazónia brasileira no prato. #amazónia #manaus Less

O tal bolinho de feijoada que Kátja Barbosa criou, inspirada num bolinho de feijão que o seu pai fazia quando era criança. Hoje parte integrante do receituário brasileiro, encontra-se um pouco por todo o Brasil... Mas também pelo mundo - e até já apareceu, juntamente com a sua feijoada (swipe ➡️) e torresmos (os melhores de sempre!!), em Lisboa, no Bairro de Avillez, no início de ano, quando lá passou a convite de @joseavillez. #riodejaneiro Less

Visitar o Rio e não passar pelo Oteque seria um pecado capital, para quem quer conhecer o que de melhor se faz na cozinha contemporânea carioca (e brasileira!). É um dos poucos restaurantes no Brasil (o guia está no RJ e SP) com duas ⭐️ ⭐️ Michelin (país onde não existe - ainda - nenhum na categoria máxima).
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A arquitectura e decoração moderna do espaço combinam na perfeição com aquilo que pelo prato passa. Uma cozinha contemporânea, inventiva, de uma ilusória simplicidade onde o que prima é a profundidade e intensidade dos sabores, trabalhados com um rigor técnico absoluto. A imersão era tal que dois pratos ficaram por fotografar - e um deles (o de ouriço) foi sem dúvida um dos que mais perdurará na memória. Mas também o porco, a sobremesa, o pão... e tudo o mais.
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A juntar a isto temos um serviço de grande atenção para com o detalhe, assim como uma mesa do chef que permite uma experiência mais intimista, de grande valor para quem, como foi o caso, aqui janta sozinho.
Obrigado @albertolandgraf pela incrível experimenta 🙏🏻 #oteque #riodejaneiro Less