RUI SILVESTRE/VISTAS
Kazimir Malevich fundou o movimento Suprametista, na Rússia, nos anos seguintes à revolução Soviética de 1917. Minimalista, conceptual, viveu na crença intrínseca de que a forma deve prevalecer sobre o conteúdo. Para ele a arte devia eliminar o supérfluo. Centrar-se no essencial. Cores e formas primárias, arranjos geométricos que geravam emoção, energia, movimento. A nova arte.
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Para Malevich e trupe, o cubismo foi o ponto de partida desta nova arte. Rumo à estação Finlândia, haveria que enterrar o passado. E, com a revolução, das cinzas, erigir. O poder saiu à rua, hermético e controlador. E mais uma vez deu mau resultado. Sensibilidade, ambição, idealismo, excesso. Depois de usado e cuspido, Malevich acaba os seus dias como uma marioneta reeducada, a pintar em estilo folk soviético.
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Gosto muito de alguns empratamentos do Rui Silvestre. Casos em que a proximidade formal com os suprametistas é evidente. Detalhe (acaso?) feliz que não deixa de mostrar personalidade numa época em que, em Portugal, os empratamentos nos restaurantes Michelin são monotonamente semelhantes. Já no prato, estamos no reino do sabor. Brilham sem medo as especiarias, num abraço às suas raízes e à cozinha de memória. Cozinha profundamente emocionante e de alto nível, a do @chefruisilvestre no @vistas_ruisilvestre . E quando a pastelaria estiver ao nível da parte salgada do menu, voará ainda mais alto.