GARFO
Um utensílio novo para um alimento novo.
O garfo terá surgido no império Bizantino por volta do século IV. E já seria um utensílio relativamente comum, no médio oriente, por volta do século X. Na Europa, nem vê-lo. Com os manuais de bons costumes a descreverem como devíamos optar por comer utilizando 3 dedos. Ao Invés da mão toda.
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Os primeiros relatos de produção de pasta seca são de Al-Idrisi, nobre magrebino, que descreve no “libro di Ruggero” a fabricação de pasta [itriyya] na Sicília do séc. XII. Ao longo de dos próximos séculos a produção e consumo de pasta cresceu exponencialmente na península italiana. Tornando-se a pasta uma nova categoria alimentar. E o símbolo de identidade gastronómica da “Itália”.
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A pasta comia-se quente. No início nada “al dente”, cozinhada em água a ferver. E temperada com queijo (e as vezes, manteiga). Os Italiano reclamam - e com razão- que foi sua a introdução do garfo na Europa. Afinal, comer este novo alimento - quente e dificilmente manipulável com os dedos - exigia um novo aparato: a “forchette ad comedendum macherones”. Ou garfo para comer maccheroni. Não um garfo especial. Simplemente, à data, um novo utensílio, descrito pela funcionalidade: comer um novo alimento.
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O consumo de pasta e a difusão do garfo cresceram lado a lado na Península italiana dos séc. XIV e XV. E com as trocas comerciais chegam, primeiro a Portugal e Espanha, depois a França, no meio do século XVI. Na Europa do Norte o proceso foi mais lento. E o garfo é adotado só por volta do sec. XVIII.
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O lindíssimo garfo (e colher) da foto é de um tempo em que amizade se podia corporizar em objectos de uso diário. Uma oferta de família amiga ao seu actual proprietário. Utlizá-lo na mesa do @arkherestaurante é generosidade do @chavarroalejo. E uma forma distintiva de saborear a belíssima cozinha do @joaord.alves .