FORTALEZA DO GUINCHO
Risco e originalidade não costumam abundar nos nossos restaurantes Michelin. O Fortaleza do Guincho é excepção à regra.
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Uma noite de má memória, no consulado anterior a @gil.fernandes89 , fez com que não voltasse ao Fortaleza do Guincho durante uns 3 anos. Até há um par de semanas atrás. E em boa hora o fiz.
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O menu do Gil Fernandes tem dois eixos: memória e produto/foraging local. Até aqui, conceptualmente, nada de novo. Acresce que na forma há óbvia intenção de ser arrojado, criando um estilo que - goste-se ou não - é pessoal e não vive da inspiração no Instagram dos outros. No prato, não há medo de ser intenso. Nem de usar especiarias. Fugindo do cânone sal e pimenta qb que, infelizmente, depois de séculos em que não sabíamos viver sem as ditas, é agora mantra da cozinha portuguesa. Por último, o humor. É bom quando não nos levamos demasiado a sério. Porque alguns pratos são realmente bem humorados, o comensal entra e sai da sala a sorrir. Por bons motivos.
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É óbvio que gostava de ver o arrojo formal ser levado à concepção do menu. E aos pontos de alguns pratos. Precisamos também aqui de uma sequência clássica, entrada, peixe, carne, sobremesa? É óbvio que gostava de ver a interessantíssima carta de vinhos ser acompanhada por uns copos de maior gabarito. No que importa, o Fortaleza do Guincho foi uma belíssima surpresa. Com um menu correcto e bem executado, a dar pistas para um futuro inovador e seguramente feliz.