Dinner at Bagá.

Dinner at Bagá.

at Bagá on 24 April 2021
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Recordo-me como se fosse hoje. Fui de Lisboa a Jaén num sopro: 800km de carro, para ir conhecer a sua cozinha. Viagem nervosa, com a Extremadura e um olival oceânico pelo meio, que só terminou - na verdade, estava apenas a começar a viagem...- à mesa do restaurante. D. Pedro Sanchez, que leva colado à alma e ao apelido, o nome da sua cidade e província, laborava, à época, num clássico da cidade. A coisa foi lânguida e épica. Mal cheguei, o seu companheiro Fran serviu-me vinho e os pratos começaram a chegar, em vertiginosa cavalga das Valquírias. De quando em vez, Pedro vinha à mesa. Olhos brilhantes de menino, feliz por partilhar a verdade. Prato a prato, frases curtas, Pedro explicava o que as palavras dispensavam: a genialidade.
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Mais tarde, num fim de novembro feliz, partilhámos, à mesa do Bom de Veras, umas caras de bacalhau que comemoraram o meu aniversário e a sua obviamente merecida primeira estrela, festejo do dia seguinte. Quis a sorte que fosse recebida em Lisboa.
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Antes e depois, foram várias as vezes que me sentei a desfrutar em @bagajaen , da comida e hospitalidade deste lugar maravilhoso, onde a grande cozinha tem assento. No início, para muitos, a cozinha asceta de Pedro parecia um equação que não quadrava. Minimalista, conceptual, não convencional, com poucos graus de liberdade. No entanto, Pedro mudou brilhantemente as regras do jogo. A serenidade monástica da sala concentrava as energias naquilo que importava. Comida formalmente contida, pristinamente executada. Dir-se-ia que esta era a gastronomia que a brigada nórdica, tão presa a atributos folclóricos e dispensáveis, gostaria de apresentar. Pedro foi, vai, muito além das intenções. Pedro mudou as regras do jogo, repito. Menos é muito mais. Um Duchamp dos pratos, que nos baralha, emociona, deslumbra, faz chorar, inquieta. A dúvida metódica da cozinha contemporânea espanhola não está no país basco. Está ali, serena, na Andaluzia.
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No início chamavam-lhe, sobranceiros, Pedrito. Mas já é tempo de lhe começaram a chamar El Gran Pedro. Porque vai fazer história.
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Obrigado @sanchez_jaen @mapy_jaen @ferjifran @davidgmchef @lorena_nav86

Recordo-me como se fosse hoje. Fui de Lisboa a Jaén num sopro: 800km de carro, para ir conhecer a sua cozinha. Viagem nervosa, com a Extremadura e um olival oceânico pelo meio, que só terminou - na verdade, estava apenas a começar a viagem...- à mesa do restaurante. D. Pedro Sanchez, que leva colado à alma e ao apelido, o nome da sua cidade e província, laborava, à época, num clássico da cidade. A coisa foi lânguida e épica. Mal cheguei, o seu companheiro Fran serviu-me vinho e os pratos começaram a chegar, em vertiginosa cavalga das Valquírias. De quando em vez, Pedro vinha à mesa. Olhos brilhantes de menino, feliz por partilhar a verdade. Prato a prato, frases curtas, Pedro explicava o que as palavras dispensavam: a genialidade.
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Mais tarde, num fim de novembro feliz, partilhámos, à mesa do Bom de Veras, umas caras de bacalhau que comemoraram o meu aniversário e a sua obviamente merecida primeira estrela, festejo do dia seguinte. Quis a sorte que fosse recebida em Lisboa.
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Antes e depois, foram várias as vezes que me sentei a desfrutar em @bagajaen , da comida e hospitalidade deste lugar maravilhoso, onde a grande cozinha tem assento. No início, para muitos, a cozinha asceta de Pedro parecia um equação que não quadrava. Minimalista, conceptual, não convencional, com poucos graus de liberdade. No entanto, Pedro mudou brilhantemente as regras do jogo. A serenidade monástica da sala concentrava as energias naquilo que importava. Comida formalmente contida, pristinamente executada. Dir-se-ia que esta era a gastronomia que a brigada nórdica, tão presa a atributos folclóricos e dispensáveis, gostaria de apresentar. Pedro foi, vai, muito além das intenções. Pedro mudou as regras do jogo, repito. Menos é muito mais. Um Duchamp dos pratos, que nos baralha, emociona, deslumbra, faz chorar, inquieta. A dúvida metódica da cozinha contemporânea espanhola não está no país basco. Está ali, serena, na Andaluzia.
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No início chamavam-lhe, sobranceiros, Pedrito. Mas já é tempo de lhe começaram a chamar El Gran Pedro. Porque vai fazer história.
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Obrigado @sanchez_jaen @mapy_jaen @ferjifran @davidgmchef @lorena_nav86